e quando percebi já estava sozinha de novo, minha amiga foi-se na bicicleta com ele, como passageira, depois de uma rápida volta na praia à noite. medinhos ocasionais. santos!, estamos em santos!, dissemos o dia inteiro. mal nos incomodava a praia cheia, sentávamos nos bancos e as crianças gritavam, foda-se, é a praia, é santos. mas voltou tudo ao normal, sozinha pelas ruas de novo, aqui ninguém nunca está comigo. voltar para casa? ainda eram onze e meia, tinha levado a chave para justamente poder chegar mais tarde e não ter de falar alterada com a avó (aquela lá é bem capaz de me esperar acordada, todas as séries televisivas fazem-lhe mal, sabem). sem condições. fui andando, fumei um cigarro. quando cheguei quase na esquina do estrela-ouro, percebi que ainda não se passara muito desde as onze e meia, e virei subitamente a esquina em direção ao rockabilly.
pedi uma bohemia long neck e um hambúrguer com rúcula, tomate seco e mussarela de búfala. havia também uma tv de plasma widescreen, primeiro futebol, depois jornal da noite. às vezes é bom fazer as coisas sem companhia, pensei. os caras atrás de mim falavam de posições sexuais. mas quando eu vou comer uma mina... a cerveja deu uma lombradinha a mais, pensei que naquele instante minha amiga já devia estar na casa dele, e parei por aí.
mas a jukebox começou com bohemian rhapsody, e eu senti que aquele devia ser o grande auge da minha vida. ou o fundo do poço.
20070707
pedra sem pudores
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3 xxx:
agora começo a ficar assustada: também faço dessas de sair e beber sozinha e sempre fico em dúvida se cheguei realmente ao fundo do poço.
normalmente, aparecem uns conhecidos pra me fazer pensar que eu estava melhor sem companhia alguma.
Sei não, mas a segunda opção me parece mais acertada.
eu sempre me imagino dali a quarenta anos, no mesmo bar, cheia de rugas e um perfume forte demais, tomando a mesma cerveja e mal aguentando segurar o cigarro com a cinza enorme.
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