aconteceu ontem, por volta das oito da noite. ou será que foi às seis? enfim - minha noção de tempo na dada hora estava meio precária, portanto não aconselho muita confiança em relação à passagem das horas.
o local: bairro do ipiranga, quase zona sul de são paulo mas um bocadinho pra lá, caminho para são bernardo do campo e saída para santos. localidade ilustre, em que dom pedro declarou a independência do país (porque tinha diarreia e queria bazar!, diria o J.) às margens do rio. bairro de artérias importantes de são paulo como as avenidas ricardo jaffet e nazaré, de muitas escolas de todos os graus, públicas e particulares, religiosas e laicas, faculdades de medicina, teologia e... artes. residências simpáticas, onde o velho costume dos homens ficarem à porta de casa sem camisa para olhar o movimento (olhar o movimento? que grande besteira, dizem as pessoas de hoje) ainda é mantido com regularidade, estabelecimentos comerciais que, ao invés de terem escrito o que oferecem, fazem pinturas de gosto e técnica duvidosos na parede da casa. as ruas são trançadas com tão pouca lógica que mesmo um paulistano de quarenta anos que nunca saiu de são paulo consegue se perder sem grandes dificuldades. um bairro encantador, em suma.
estávamos nós, isto é, nós eu, zulu, cibele, gui, tiago e celso indo do bar à casa do zulu. ele tinha uma vodka absolut no congelador, e como já estavam todos instigados pela cerveja e cachaça, ir lá acabar com a bebida cremosa era a melhor idéia do mundo naquele momento. o caminho não era longo, a noite não estava tão escura assim; o trânsito quase não existia, a não ser por um carro ou dois.
e foi justamente um desses um ou dois...
eu parei um passo depois da calçada, numa esquina. podia jurar que o carro ia seguir em frente, não dava seta e vinha a uma velocidade considerável. o problema foi que, enquanto esperava o carro passar (o que não ia demorar muito pela rapidez com que vinha), olhei para trás para falar com alguém ou para ver alguma coisa, não sei, calculei o tempo na minha cabeça e simplesmente fui andando. não vinha mais ninguém.
não dei nem meio passo e BAM!, dei de cara com a lateral do carro, que havia diminuído bruscamente a velocidade para virar a esquina, e senti uma leve pressão no meu pé esquerdo. fiquei impressionada como não senti dor quando a roda passou. talvez fosse a bebida.
as pessoas todas entraram em pânico. MEU DEUS, VOCÊ FOI ATROPELADA, E O SEU PÉ, ELE PASSOU PELO SEU PÉ!, ELE PASSOU PELO SEU PÉ? que pelo meu pé o quê, vocês estão loucos, quanto pesa um carro?, olhem, tou andando normalmente, não se preocupem, gente.
bem, só que hoje meu pé acordou dizendo o contrário. dores horríveis, bem mau. não apareci pela faculdade - neste momento meus amigos estão inventando para todos que eu fui uma vítima da violência no trânsito, dos motoristas ensandecidos que circulam por são paulo sem nenhuma consideração pelos pedestres, e aí ficam todos a pensar que eu tou com três costelas, o pé, a clavícula e o fêmur direito quebrados mais uma concussão na lateral do crânio. vão levantar fundos com o meu nome, escrever faixas com a minha foto e uma legenda embaixo, VÍTIMA DA VIOLÊNCIA, e do outro lado a foto do meu veterano renato com a legenda DESAPARECIDO porque trancou o curso e foi-se embora sem avisar ninguém.
aceito flores, livros, drogas e desejos de melhoras.
obrigada.
20070919
FUI ATROPELADA!!!
# 12:50:00
tags: vítima da violência
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3 xxx:
por hora, ofereço-lhe drogas e desejo de melhoras :)
MANDA-MAS. AGORA.
esperas eu ir até em casa buscar? HDIAHUDAUHDISUADHUAI :D
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